segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Yes, We Can Brazil", Virada Histórica e Título



Um verdadeiro cadeado trancou a passagem do Brasil assim que o árbitro Martin Hansson apitou o início da decisão das Confederações. Com sete jogadores de branco bloqueando o meio-de-campo, a equipe trajada de camisa amarela e shorts e meiões azuis encontravam enorme dificuldade para ganhar espaço no gramado. A única saída para o Brasil driblar esse ferrolho era acelerar a velocidade do passe e do ataque, especialmente pelas laterais. Pela direita, Maicon era quem mais se destacava, mas não vinha conseguindo direcionar os cruzamentos para os parceiros de amarelo. Gigante, o zagueiro Oguchi Onyewu atraía a bola para sua cabeça e com ela afastava o perigo que rondava o gol defendido por Tim Howard. Tranquilos na defesa, os norte-americanos ensinaram para o Brasil como deveria ser feito. Em uma jogada rápida pela direita aos 9 minutos, o lateral Jonathan Spector acertou um cruzamento para Clint Dempsey. O meio-campista se antecipou à marcação e desviou. Não acertou em cheio, mas o toque foi suficiente para jogar a bola longe do alcande de Júlio César. O goleiro brasileiro se estirou todo, mas apenas o pescoço e os olhos esticados alcançaram visualmente a bola, que morreu nas redes. O Brasil aprendeu: se o meio estava bloqueado, as alas eram as alternativas. E as laterais do gramado permitiram duas boas jogadas: uma com Robinho pela esquerda e outra com Maicon, após receber passe de calcanhar de Kaká. Mas Howard era a segunda barreira a ser vencida. Aos 25 minutos, o Brasil foi com tudo para o ataque em uma cobrança de escanteio. Maicon pegou mal na bola, que atravessou toda a grande área e caiu nos pés da zaga norte-americana. O meio-campo, agora, estava aberto: contra-ataque, 2 contra 2. Era a chave que os Estados Unidos precisavam para complicar e muito a situação brasileira. Charlie Davies disparou pela direita e rolou para a meia-lua, de onde Landon Donovan driblou Ramires e bateu firme, cruzado. Júlio César, de novo, nada pôde fazer. A essa altura, os Estados Unidos se fecharam ainda mais. A seleção brasileira tinha vários problemas para sair jogando até mesmo em seu campo de defesa. Eram 11 marcadores vestidos de branco. Apenas jogadas com chutes de muito longe ou velocidade pelas laterais davam um alento. Howard fazia questão de frustrar todos os ataques, com um excelente posicionamento.

Foram precisos 15 minutos para o Brasil se reestruturar. Depois que a bola rolou no segundo tempo, o que não foi feito em 45 minutos saiu em 30 segundos. Jogada rápida pela direita, Maicon encontrou Luís Fabiano na área. O camisa 9 girou sobre a marcação de Jay DeMerit e bateu firme e forte, rasteiro: gol brasileiro. A vantagem das zebras diminuía para 2 a 1. A velocidade do lance impediu que a barreira branca se formasse. Por uma vez em uma hora de jogo, o Brasil conseguiu acertar jogadas aéreas aos 13. Após cobrança de escanteio, Lúcio cabeceou firme e Howard espalmou. Dois minutos depois, Kaká cabeceou no travessão e Howard tira a bola de dentro do gol. Os auxiliares não viram o gol que daria o empate ao Brasil. Uma grande chance apareceu para Luís Fabiano aos 25 minutos do primeiro tempo. O capitão Lúcio saiu da defesa, avançou ao ataque e lançou o camisa 9, que foi parado pela muralha Howard na hora do chute. Aos 30, porém, o Fabuloso conseguiu empatar. Depois de Robinho desviar cruzamento no travessão, o centroavante apareceu na pequena área para igualar o marcador. O gol que selou o tricampeonato do Brasil nas Confederações surgiu aos 40 minutos. Elano bateu escanteio da direita e encontrou a cabeça de Lúcio, que finalizou com força para fechar a partida.

O Brasil sofreu mais que o esperado, mas parou a zebra norte-americana. Com uma emocionante vitória de virada por 3 x 2, no estádio Ellis Park, em Johanesburgo, a seleção brasileira derrotou os Estados Unidos e conquistou, pela terceira vez na história, o título da Copa das Confederações, torneio que já vencera em 1997 e 2005. O resultado consolida o ótimo momento vivido pela equipe de Dunga, que não perde desde o dia 15 de junho de 2008 (2 x 0 para o Paraguai, em Assunção), soma oito vitórias seguidas e lidera as Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2010. O título deste domingo é o segundo do técnico em dois torneios disputados desde que assumiu o comando da equipe, depois da Copa de 2006 — ele venceu também a Copa América de 2007.

Esperamos, que em 2010, na Copa do Mundo, esse sorriso continue para a seleção brasileira.

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